Manual para viajar com bebês e crianças

Manual para viajar com bebês e crianças

Planejamento, cuidados, e o que levar para curtir as férias em família.

Viajar com uma criança não é muito diferente do que criar uma criança – o instinto de sobrevivência, a experiência e o bom senso nos ajudam a tomar as decisões certas.

Está tudo certo com a documentação para embarque, mas você nem se deu conta que aquela conexão de dez horas deixaria seu bebe irritado.

E que eles já foram ao exterior, mas será que estão preparados para visitar um museu? Não seria melhor começar por um parque? E o hotel tem cozinha pra fazer a papinha do bebe? Alugar um apartamento não funcionaria melhor? Você é do tipo precavida e pensou em tudo, tanto que a sua mala ultrapassa o excesso de bagagem, em que “não falta nada”.

A seguir, você descobre muito do que precisa saber para pegar o avião com as crianças, das regras de embarque às recomendações dos pediatras, com um toque de sabedoria popular.

Pré-requisitos

Bebê viajando de avião: Tá liberado?

IDADE MÍNIMA

O pediatra Sulim Abramovic, do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo (SP) diz:

Não há idade mínima para a criança viajar. Os pais só precisam avaliar a necessidade dessa viagem e tomar todos os cuidados.”

Mas o ideal é evitar viagens com recém-nascidos, que são mais vulneráveis a infecções e outros problemas de saúde. Algumas companhias aéreas, aliás, só transportam bebês com mais de 7 dias de vida e algumas, só a partir do 10º dia (consultar a sua companhia).

No geral, pediatras recomendam esperar até que a criança complete 3 meses, período suficiente para tomar as principais vacinas do calendário, como a BCG (contra tuberculose) e a meningocócica C conjugada (contra meningite e outras infecções). Sempre consulte o pediatra para checar se a criança está em boas condições para viajar.

Documentação

DocumentaçãoPassaporte Brasileiro Mercosul

VOOS NACIONAIS

Para viagens nacionais, é preciso apresentar documento de identidade (RG) ou certidão de nascimento original.

VOOS INTERNACIONAIS

Para toda a América do Sul (exceto Suriname e Guianas), o RG original em bom estado e com foto recente também é válido. Para todos os outros países, o passaporte é imprescindível, além do visto (quando exigido).

Desde novembro de 2014, os novos passaportes trazem na página de identificação a filiação do portador – para crianças com o documento antigo, é obrigatório levar também a certidão de nascimento ou a carteira de identidade delas, que comprovam o parentesco.

SEM UM DOS PAIS

Também desde 2014, os pais podem incluir uma autorização de viagem no próprio passaporte para que o menor de 18 anos viaje apenas com um dos genitores. Sem esse documento, é necessário registrar uma permissão no cartório a cada viagem ao exterior.

Faça em três vias: uma para o aeroporto de origem, outra para o de destino e a última para acompanhar a criança. Em viagens nacionais, crianças de 0 a 12 anos com um dos pais ou um parente de até terceiro grau não precisam de autorização de viagem, só comprovação de parentesco.

Planejamento

Até 2 anos

RESERVA

Procure sincronizar o horário do voo com os períodos de sono do bebê. No caso de trajetos longos, prefira os voos noturnos. Para trechos curtos, coordene com a hora da soneca. Avise a companhia que você está viajando com criança pequena e pergunte se é possível reservar assentos nas fileiras dianteiras, mais espaçosas.

PASSAGEM E ASSENTO

É permitido que crianças de até 2 anos viagem no colo, geralmente pagando uma passagem irrisória – segundo norma da Anac, por no máximo 10% da tarifa do adulto. Algumas até isentam a tarifa em voos nacionais, mas, nos internacionais, a maioria cobra os 10%.

Em viagens longas, porém, fica difícil levar a criança o tempo todo no colo. Para assegurar um bercinho a bordo – desde que ela tenha até 2 anos ou pese até 10 quilos, faça a reserva por telefone pelo menos 48 horas antes na companhia. A maioria das aéreas cobra taxa pelo berço. Uma alternativa é embarcar com um bebê conforto ou cadeirinha, os mesmos usados em carros, desde que certificados pela Aviation Child Safety Device.

EMBARQUE

Passageiros com bebês têm preferência no check-in, nos assentos diferenciados (avise ao marcar o lugar) e no embarque. Fora do Brasil, nem sempre essa prioridade é anunciada – faça valer o seu direito no balcão da companhia.

DECOLAGEM

Para evitar aquele desconforto nos ouvidos causado pela pressão, ofereça o peito, mamadeira ou chupeta quando o avião estiver subindo ou descendo. O movimento que o bebê faz com a boca ajuda a minimizar o mal-estar.

CARRINHO DE BEBÊ

É uma mão na roda mesmo depois que a criança aprendeu a andar, já que serve de berço e suporte para carregar aquela sacola com todos os itens de sobrevivência, como mamadeiras, trocas de roupa, fraldas, protetor solar e paninhos.

É possível despachá-lo no momento do check-in ou, mais inteligente, no próprio portão de embarque. Uma dica é carregar também o sling: ele pode ser usado dentro do avião para acomodar a criança no colo e deixar os braços dos pais livres, além de facilitar bastante o desembarque.

MALA DE MÃO

Prefira mochila em vez de bolsa para ficar com as mãos livres. Não deixe de levar pelo menos duas trocas de roupa, paninhos para a boca, fraldas (considere a duração do voo mais eventuais atrasos), trocador, lenços umedecidos, os remédios de praxe, casacos e uma manta para proteger o bebê do ar-condicionado.

Além das mamadeiras já prontas com a fórmula (sem a água), leve também pelo menos duas vazias para dar à criança água e sucos do serviço de bordo. Se ele estiver gripado, pode-se até incluir na bolsa soro fisiológico para compensar o ar seco.

PAPINHA

A tripulação normalmente aquece a mamadeira e a papinha sem problema. Só peça essa gentileza antes do serviço de bordo para não atrapalhar os comissários com os demais passageiros.

TROCA DE FRALDA

São comuns nos aviões os trocadores de tampo, daqueles que abaixam. Como costumam ser pequenos, muitos pais preferem levar os trocadores de casa e estendê-los no banco. Se esse for o seu caso – ou se não houver fraldário na aeronave –, pergunte à comissária onde você pode ficar mais à vontade para trocar o bebê.

DESEMBARQUE

Pais com bebês costumam ser desembarcados por último. Se você estiver em conexão com tempo curto, peça à comissária para priorizar o seu desembarque.

De 3 a 5 anos

GULOSEIMAS

Não conte só com os petiscos que serão servidos no avião. Levar um pacote da bolacha preferida do seu filho, salgadinhos, barrinhas de cereais e frutas secas podem ser de grande valia para distrair a criança. Tudo isso pode entrar no avião, mas só com as embalagens fechadas!

ENTRETENIMENTO

Baixe jogos novos para tablet e videogame, mas não deixe seu filho grudado na tela a viagem inteira. Livros, lápis de cor, jogos de memória, dominó, cartas, tudo isso pode entretê-lo. Só não leve brinquedos barulhentos ou que tenham potencial pra fazer sujeira, como massinhas e gelecas.

MALA DE MÃO

Nessa faixa, a criança começa a se tornar mais independente. Por isso, pode ser que queira carregar a própria sacola. Deixe a troca de roupa, os paninhos e os lenços umedecidos com você, mas arrume uma mochilinha para ela carregar seus brinquedos.

De 6 a 8 anos

BAGAGEM

A criança já pode ajudar a arrumar as malas. Elabore com ela a lista de tudo o que é necessário levar e tiquem juntos os itens à medida que forem separados.

MALA DE MÃO

Trocas de roupa, jogos e comidinhas já podem ir na mochila da criança. Inclua na bagagem livros relacionados ao destino – há vários guias de viagem bacanas para os pequenos, como a coleção Isto É (Cosac Naify), de Miroslav Sasek, com edições sobre Nova York, Paris e Roma.

ROTEIRO

Peça ajuda do seu filho para pesquisar o que há de bacana no destino – passeios, museus e atrações. Vale também encorajá-lo a fazer um diário para registrar a experiência. E que tal deixar uma câmera fotográfica com ele?

Para onde ir

Para onde viajar

O QUE CONSIDERAR

Quando se viaja com bebês e crianças, é preciso cuidado redobrado na alimentação, no tempo de exposição ao sol, no respeito aos horários e às necessidades dos pimpolhos.

Imprevistos acontecem, por isso, escolha destinos que não sejam isolados: sem hospital por perto, até brotoeja ou intoxicação alimentar podem adquirir proporções assustadoras.

PRECAUÇÕES

Carregue com você o endereço e o telefone do centro de saúde mais próximo de seu hotel. No exterior, tenha à mão o telefone do seguro de viagem, para ocorrências médicas, e o contato do pediatra do seu filho, que pode sanar dúvidas em uma emergência.

Até 1 ano

O ideal é não alterar a rotina do bebê, que tem horários de mamada definidos e necessita de sonecas. A partir dos 6 meses, com a introdução de outros alimentos na dieta, é imprescindível cercar-se de uma infra para preparar as refeições e esquentar a mamadeira. Alguns hotéis-fazenda têm excelentes infra para bebês e, por isso, estão entre os preferidos dos novos pais.

De 1 a 2 anos

A criança já aprendeu a andar e tem muita energia. Dê preferência a espaços abertos, em contato com a natureza. Nessa idade ainda precisam de sonecas, intercale diversão com horas de descanso ao longo do dia. Complexos e pousadas são ótimos tanto pela infra quanto pelas opções de lazer. Alguns incluem na diária acesso a parques com toboáguas e playgrounds para todas as idades.

De 3 a 4 anos

A criança já não usa fraldas – ufa, menos coisas para carregar! –, tem um vocabulário mais desenvolvido e uma curiosidade tremenda. Hotéis com recreação podem mantê-las ocupadas e em contato com novos amigos.

De 5 a 6 anos

Crianças nessa idade estão em processo de alfabetização ou acabaram de aprender a ler e escrever. Passeios mais culturais podem ser o foco da viagem.

De 7 a 8 anos

Hora de conciliar os interesses da família, já que as crianças começam a deixar claro suas vontades. Metrópoles com muitas opções de lazer podem agradar a todos. Parques, museus incríveis, restaurantes de todos os tipos e até pista de patinação no inverno, Museu de ciências para crianças.

Destinos longos ou próximos o que importa é estar junto da família para curtir os bons momento, mas estando sempre precavido com tudo que as crianças precisam para as horas de cansaço.

Revista Viagem e Turismo — setembro de 2015 — edição 239